25/04/2012

ORAÇÃO PARTICULAR

"Tu, quando orares, entra no teu quarto, e, fechada a porta, orarás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vê em secreto te recompensará" Mateus 6.6
"Graças a Deus, agora tenho um quartinho que é realmente meu" – disse um crente – "um quartinho onde posso entrar, fechar a porta e passar um tempinho a sós com Deus!" Ele falou como se tivesse herdado um palacete, mas era somente um pequeníssimo quarto de sótão. Porém, bastava – pois ali podia afastar-se do mundo e reunir-se tranqüilamente com Deus.
Como filhos de Deus, e sacerdotes para Deus, podemos exercer os nossos direitos de acesso a Deus em oração particular, por Jesus Cristo nosso Senhor. Todos os crentes concordam sobre a necessidade e a importância da oração, mas quantas vezes acontece que as nossas reuniões de oração, tanto na freqüência como no poder, são as mais fracas de todas? Qual será a razão disto?
Creio que a resposta será, que há entre os crentes uma grande falta de oração particular, oração a sós com Deus. É na negligencia da falta de oração secreta que começa todo o relaxamento espiritual. Não é verdade que gastamos mais tempo lendo o jornal diário e as revistas mundanas do que passamos em oração com Deus? Disse um grande escritor cristão: "A oração secreta é a obra mais puramente espiritual de todas as obras humanas". Infelizmente, para muitos este tipo de oração é um dever penoso que se pratica somente em tempos de dificuldade ou aperto especial. Porém não deve ser assim, para uma alma sadia.
A oração não consiste em obtermos de Deus coisas que Ele parece sem vontade de dar-nos; não é uma espécie de encantamento para dirigir as ações de Deus. A oração é comunhão COM Deus; por ela entenderemos melhor os Seus caminhos, e seremos feitos mais semelhantes a Ele; os outros verão em nós os frutos dessa comunhão – o rosto de Moisés brilhou!…
Dediquemos uma hora e um lugar para a oração particular. Deus mesmo junto conosco, esperará com prazer aquela hora. Custar-nos-á tempo, pois a intimidade com Deus não se faz por cinco minutos apressados de manhã ou de noite. Na verdade, podemos orar rapidamente a Deus em qualquer hora ou emergência, como Neemias na presença do imperador persa (Neemias 2.4); mas a capacidade de orar efetivamente assim, numa emergência, só vem pela prática constante da oração particular em secreto; isto nos mantém no espírito de oração o qual é o verdadeiro "orar sem cessar" de 1ª Tessalonicenses 5.17.
Deve haver também a perseverança, pois "os homens deviam orar sempre e nunca esmorecer" (Lucas 18.1). Aguardemos as respostas, pois "aquele que se aproxima de Deus deve crer que Ele se torna galardoador dos que O buscam" (Hebreus 11.6). Tomemos contudo, cuidado – "Se eu guardar iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá" (Salmo 66.18); outrossim, se eu mantiver um espírito duro e irreconciliável contra um irmão ofendido, eu não me sentirei muito bem na presença do meu Deus – "Vai reconciliar-te primeiro com teu irmão" (Mateus 5.24).
"Um quartinho, realmente para mim e Deus!"… Um oratório onde Ele pode "ouvir a minha voz" e eu ouvir a Sua (Cantares 2.14). Outras coisas podem nos chamar, mas devem esperar; o encontro com o Pai, em secreto, tem que se realizar primeiro.

("Vigiai e Orai" - No.48 - maio de 1978)

20/04/2012

OBSTÁCULOS À ORAÇÃO

O maior privilégio do cristão é a oração – o falarmos publica ou particularmente com Deus, em adoração, confissão, petição, ação de graças ou intercessão. É privilégio que pertence a todo verdadeiro filho de Deus. Muitos por várias razões, não podem pregar, ensinar, cantar, escrever, viajar ou trabalhar no serviço do Senhor, porém todos – mesmo cegos, paralíticos e mudos! – podem orar.
Deus, "bendito e único Soberano, o Rei dos reis, e Senhor dos senhores, habita em luz inacessível" (1ª Tm 6.16), na incompreensível glória e majestade do Seu trono celestial. Nós estamos na terra – criaturas pecaminosas e mortais; mas em Cristo pela Sua graça temos recebido a vida, estamos "assentados nos lugares celestiais" Ef 2.5-6 e como filhos podemos falar ao Pai, a qualquer hora e em qualquer lugar (Ef 6.18; 1ª Tm 2.8).
A oração não é somente privilégio; é também um mandamento (Lc 18.1; 1ª Ts 5.17). As epístolas exortam constantemente os crentes a que orem, pois a oração é essencial à vida espiritual, tanto do indivíduo quanto da igreja.
Porém, será que todos oram?… Sempre?… ou de vez em quando?… ou nunca? O rei Davi orava pelo menos três vezes por dia Sl 55.17 e o primeiro ministro Daniel sentia a mesma necessidade Dn 6.10. Qual é o nosso costume? Temos o culto doméstico cada dia? Oramos particularmente em casa, pelo menos três vezes por dia, sem falhar? Tomamos parte nas orações da igreja – ou raras vezes freqüentamos esta reunião?
"Mas há sempre obstáculos!" - diz alguém, desculpando-se. Sim, existem obstáculos, impedindo-nos de orar, ou, se orarmos, de sermos atendidos. A Bíblia menciona diversos; eis alguns deles: -
  1. "Se eu atender a iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá" (Sl 66.18). Também – "As vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus; os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que vos não ouça" (Is 59.2). Atos e costumes pecaminosos, permitidos na vida do crente, impossibilitam a eficácia das suas orações. A consciência lhe ferirá, tirando-lhe a tranqüilidade na presença de Deus; afinal, terá de deixar o pecado ou cessar de orar. Isto se refere ao crente sincero; o hipócrita fará orações longas e bonitas para esconder o seu pecado, mas não terão valor algum (Mt 6.5, 23.14).
  2. "O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável" (Pv 28.9). Há os que não querem aprender o ensino das Escrituras, especialmente em certos pontos que não querem obedecer; por isso negligenciam o estudo da Bíblia e recusam o ministério que os condena. As orações dos tais são "abomináveis" a Deus!
  3. "Estes homens levantaram os seus ídolos dentro de seu coração; …acaso permitirei que eles Me interroguem?" (Ez 14.3). Certos anciãos em Israel vieram ao profeta, para com ele orarem a Deus em tempos difíceis. Mas eram idólatras "em seus corações" – e Deus não permitiu que orassem. Há qualquer tipo de idolatria em nós crentes, que impede a oração eficaz? – a avareza (Ef 5.5; Cl 3.5), ou o amor do mundo (1ª Jo 2.15; Tg 4.4)? É possível ausentar-se da reunião de oração, e negligenciar as orações particulares, por causa de negócios materiais, ou de diversões, que ocupam o nosso coração mais do que os interesses espirituais. Somos idólatras!…
  4. "Quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que o vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas" (Mc 11.24). Estas palavras devem ser tomadas junto com o ensino de 1ª Jo 1.9. Conheço casos de crentes que recusaram perdoar irmãos que os ofenderam, mesmo quando estes se confessaram desejosos de reconciliação. Pedimos a Deus (e quão facilmente!) que nos perdoe as nossas ofensas, porém a condição é clara e inexorável: que perdoemos ao que peca contra nós.
  5. "Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites" (Tg 4.3). Alguns não recebem bênçãos porque não as pedem v.2 , mas há outros que pedem, porém não recebem, por causa do seu egoísmo; são carnais, procurando prosperidade, conforto, saúde e outras bênçãos materiais, unicamente para seu próprio prazer, para ter uma vida sossegada, cômoda e folgada; não consagram as suas bênçãos para o serviço de Deus e Seu povo. As nossas orações quando as fazemos, consistem somente em petições egoístas com o intuito de facilitar os nossos interesses materiais? Consagremo-nos de novo!…
  6. " Se algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus.... e ser-lhe-á concedida; peça-a porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante a onda do mar… não suponha esse homem que receberá do Senhor alguma coisa - homem de animo dobre, inconstante em todos os seus caminhos" (Tg 1.5-8). Eis um obstáculo terrível à oração eficaz – a insinceridade. O crente pede a sabedoria, a direção divina em certa perplexidade ou dúvida no seu caminho. Porém ele não tem um verdadeiro desejo de acertar e seguir a direção do Senhor; ele quer tomar certo caminho seu, e resolveu tomá-lo, e embora pedindo a direção divina, realmente ele quer que Deus confirme o que já resolveu fazer! Um exemplo deste "animo dobre" é Balaão; vacilava ente a obediência a Deus (pois era profeta) e o desejo de receber o galardão prometido pelo rei Balaque (Nm 22). Sejamos sinceros em buscarmos a direção divina!
  7. Finalmente, temos em 1ª Pe 3.7 uma palavra ao marido crente, exortando-o a viver "a vida comum do lar" com consideração pela esposa, "para que não sejam impedidas as vossas orações". Marido e esposa são "co-herdeiros da graça da vida", e deviam orar juntos sobre a vida familiar e outros interesses comuns; mas como podem fazer isso, se o marido é arrogante, briguento e egoísta?
Eis aí então, algumas coisas que a Bíblia considera como obstáculos à oração. Há mais! Porém, não temos mencionado como obstáculos as circunstâncias adversas – a assim chamada "força maior" – que alguns crentes alegam como desculpa por não orarem. Creio que há poucas circunstâncias que podem realmente impedir a oração. Daniel estava em perigo de morte horrível se orasse - porém orou "como costumava fazer" (Dn 6.10); Jonas achava-se em "circunstâncias adversas" dentro do grande peixe – porém orou! Paulo, embora na prisão, orava – não pedindo que fosse libertado, mas que os crentes fossem fortificados na fé (Ef 1.17; 3.14; Fp 1.4; 2ª Tm 1.3, etc).
Se as Escrituras nos condenam a respeito deste assunto tão importante, vamos trazer tudo diante do Senhor (1ª Jo 1.9), para assim entrarmos no gozo e no poder de 1ª Jo 3.20-22.

14/04/2012

EM SEU NOME

Amados, vamos estar falando por algumas semanas sobre ORAÇÃO, e espero que este tema sirva para edificar sua vida.


Colocar as palavras "em nome do Senhor Jesus Cristo" e semelhantes, ao fim das orações, tem sido a praxe por tempos imemoriais. Para muitos são apenas as palavras finais de qualquer prece, vindo depois, automaticamente, o Amém. Parece que a prece fica incompleta sem estas palavras. É fácil aprender a terminar as orações com elas, sem refletir e entender o verdadeiro significado que elas têm.
Regra geral, a expressão "em nome de …" , é usada para denotar a representação de uma pessoa por outra. Por exemplo, freqüentemente um assistente ou secretário assina uma carta ditada ou redigida pelo seu chefe, após as letras "p.p." (por procuração) indicando assim que embora ele próprio esteja assinando, ele o faz com autorização do chefe, cujo nome aparece logo embaixo. O chefe assume toda a responsabilidade, embora a assinatura não seja dele, desde que o assinante realmente tenha a sua autorização e com as letras p.p. ou de outra forma ateste que assina em seu nome.
O Senhor Jesus disse aos seus discípulos: "… eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei" (João 14:13-14). Observemos bem a clareza com que Ele determina a Quem o pedido deve ser feito (ao Pai), Quem vai atender ao pedido (o Filho), quem faz o pedido (os discípulos), em nome de Quem (do Filho) e a finalidade (para que o Pai seja glorificado no Filho). Segundo a regra acima, Ele estava ensinando que tudo o que fosse pedido pelos discípulos ao Pai com a autorização e sob a responsabilidade dEle, Ele o faria.
Não só os discípulos a quem o Senhor Jesus falava adquiriram a Sua autorização para orar em Seu Nome. O apóstolo Paulo esclareceu aos crentes da igreja de Corinto: "… haveis sido lavados, haveis sido santificados, haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus" (1 Coríntios 6:11). E, aos crentes colossenses: "quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai" (Colossenses 3:17). Como os membros da igreja em Corinto, todo aquele que foi lavado, santificado e justificado em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito Santo, tem por obrigação só falar e agir com a autorização e sob a responsabilidade do Senhor Jesus, dando graças a Deus Pai por Ele. Isso inclui as orações feitas a Deus Pai.
Este é o padrão elevado para a vida de todo o crente, como o apóstolo Paulo escreveu aos crentes da Galácia: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim". A chamada "regra de ouro" para o crente é ter sempre em mente a pergunta: "O Senhor Jesus faria - ou diria - isto?" antes de qualquer ação ou palavra, pois estamos agindo em Seu nome.
Todavia, mesmo depois de sermos salvos pela nossa fé em Cristo, e de sermos selados pelo Espírito de Deus, temos em nós ainda nossa velha natureza, que batalha com a nova que recebemos de Deus. "O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniqüidade" (2 Timóteo 2:19).
Se usamos o nome de Cristo diante do mundo, tenhamos cuidado com o nosso testemunho: não devemos estar vivendo em pecado. Infelizmente existem aqueles que declaram veementemente que seguem fielmente a boa doutrina apostólica, mas não suportam nem mostram qualquer amor, paciência, longanimidade, pelos seus irmãos em Cristo, ou são apanhados em outros pecados igualmente graves. O Senhor vê o coração e conhece aqueles que são Seus, mas o mundo só vê o exterior.
Não haveria necessidade da exortação para nos apartarmos da iniqüidade se automaticamente todos os nossos atos e palavras proviessem do Senhor Jesus. Temos portanto que admitir que, infelizmente, nem sempre estamos agindo ou falando com a autorização e sob a responsabilidade de Cristo. Nem quando oramos.
Dizer formalmente "em nome do Senhor Jesus Cristo" não dá autenticidade a nenhuma oração. É necessário que quem a faz, e o seu teor, tenham sido autorizados por Ele: somente têm a Sua autorização os Seus discípulos e aqueles que O receberam como Senhor e Salvador, e Ele só se responsabiliza pelos pedidos feitos por eles segundo a Sua vontade.
Orar em nome do Senhor Jesus Cristo significa estar no lugar dEle, identificado com Ele, em comunhão com Ele. Nenhum pecador pode se aproximar de Deus em seu próprio nome, e Ele só vai ouvir as orações que forem feitas pelo Seu Filho, através dos Seus servos: os que O receberam como Senhor das suas vidas. Deus vai responder à oração que permite que Ele seja glorificado em Seu Filho.
Assim, quando oramos em nome do Senhor Jesus, não estaremos orando por algo que desejamos de forma egoísta para nós próprios, mas por Ele, por Sua obra, por aquilo que sabemos ser da Sua vontade. Estaremos também vivendo em obediência ao Senhor Jesus, pois a promessa de atendimento é feita aos que O amam, e a evidência de que O amamos está em obedecermos aos Seus mandamentos, dos quais amarmos uns aos outros é o primeiro.
Finalmente, seria então uma redundância terminarmos uma oração com as palavras "em nome do Senhor Jesus"? Mesmo assumindo que somos Seus servos obedientes, e que o que pedimos está em conformidade com a Sua vontade, nunca é demais, ou redundante, declararmos claramente, para que todos possam ouvir, que não estamos pedindo em nosso próprio nome, o que seria inaceitável, mas unicamente pelos méritos e em nome do nosso Senhor e Salvador.
É verdade que Deus conhece os nossos corações, e sabe se assim é, mas ao pronunciarmos essas palavras estamos dizendo que obedecemos ao Seu mandado, e nos recordamos dEle. Também dessa forma O anunciamos a todos os que nos ouvem, com o propósito de que o Pai seja glorificado no Filho, como é o desejo dEle. Como poderá isto ser feito se Ele nem sequer for mencionado?
Mas há que se ter cuidado com as dissimulações! O uso dessas palavras por quem não está autorizado, ou pedindo algo que não está de conformidade com a vontade do Senhor Jesus Cristo, não fará com que seu pedido seja aceito.

09/04/2012

Estaremos Perdendo a Reverência?

Como se expressa a reverência a Deus dentro de uma igreja?

O santuário ou templo de Deus hoje é o corpo de Cristo. Ainda em Seu corpo físico, Ele o chamou figurativamente de templo (João 2:19 e 21). O corpo de Cristo é a Sua igreja, ou seja, a congregação dos crentes em qualquer lugar (1 Coríntios 3:16 e 17); este é como “um edifício que está sendo construído sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; este é o santuário dedicado ao Senhor para habitação de Deus no Espírito” (Efésios 2:20-22).
A igreja de Cristo conseqüentemente não tem, como tinham os israelitas, um tabernáculo ou templo físico para a habitação visível de Deus entre o Seu povo. Cada congregação de crentes que se reúne em nome de Cristo, é um templo de Deus. Não é o prédio onde eles se reúnem, seja ele uma residência, um galpão, uma casa, etc., mas as pessoas.
O templo israelita, mesmo quando ainda em forma de tabernáculo (1 Samuel 1:9), era um objeto visível, concreto, palpável; ele continha o santuário, o lugar santo, símbolo da presença de Deus entre o povo de Israel, Sua “Glória”. Nele havia um grande número de características que claramente tipificam a igreja de Cristo. Vou apenas citar três, que poderão nos ajudar a responder a pergunta em foco.
1. SANTIDADE: Tudo, que se encontrava dentro do tabernáculo, era separado exclusivamente para o serviço do Senhor. Por sua vez, a igreja de Cristo é composta de santos: todo aquele que nela ingressa pela graça de Deus mediante o novo nascimento em Cristo é santificado pelo Seu sangue - separado exclusivamente para o serviço do Senhor. Como disse Paulo “Não mais vivo eu, mas Cristo vive em mim”. Mas a igreja local está sujeita à infiltração de pessoas não santificadas: os que se declaram cristãos, mas continuam incrédulos. Só Deus conhece o coração, mas se a igreja for zelosa na doutrina, o perigo poderá ser reduzido consideravelmente.
2. OBEDIÊNCIA: Todos os objetos e decorações, bem como os sacerdotes que ali serviam a Deus, seguiam uma prescrição divina detalhada dada através de Moisés. Todos os santos são chamados à obediência aos mandamentos de Deus. Estes são encontrados no Velho Testamento, e fazem parte da lei de Moisés, junto com muitas leis e regulamentos que dizem respeito apenas ao povo de Israel. Os que concernem à igreja são destacados no Novo Testamento, nos ensinos de Cristo e dos Seus apóstolos. Em 1 Coríntios 3:17, encontramos uma advertência séria a quem introduzir o pecado, que é desobediência, dentro da igreja: “se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado”. A destruição é conseqüência da entrada do pecado, e se faz por meio da corrupção ou depravação da igreja local. Se for permitido permanecer, o pecado a contamina toda, assim como o fermento da parábola (Mateus 13:33).
3. RESPEITO: É bem conhecida a ocasião em que Moisés, curioso, se aproximou de um arbusto em chamas que não se consumia, no monte Horebe, e o Senhor o chamou do meio da sarça e mandou que tirasse as sandálias dos pés, porque o lugar em que estava era terra santa (Êxodo 3:5). Da mesma forma o sucessor de Moisés, Josué, também recebeu a ordem de descalçar as sandálias dos pés na presença de Deus (Josué 5:15). Nas duas ocasiões o “lugar” em si não era um santuário ou um templo, mas a sua “santidade” consistia na presença de Deus nele. Para que o povo de Israel se conscientizasse da santidade da Sua presença, ele foi proibido, bem como seus animais, de até mesmo tocar no sopé do monte Sinai quando Moisés subisse para receber a Sua lei. Os sacerdotes israelitas oficiavam descalços dentro do tabernáculo e do templo, pois calçados traziam a imundície de fora. Em respeito à santidade do templo, os judeus não permitiam a entrada nele de gentios incircuncisos (Mateus 24:15, Atos 6:13, 21:28). Em relação à igreja, encontramos em 1 Coríntios ainda outra advertência, desta vez aos que desrespeitam os demais membros da igreja: “menosprezais a igreja de Deus (11:22) e quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si” (11:29). É o desrespeito aos demais membros da igreja, esquecendo-se que todos fazem parte do corpo de Cristo, que é o santuário ou templo de Deus. Para Deus, isto consiste em falta de respeito para Ele próprio; as conseqüências serão graves porque quem isso faz “come e bebe juízo para si”.
Santidade, obediência e respeito são os fatores que integram a reverência a Deus, que é refletida no conceito que temos pela Sua igreja.
  • Comecemos por nós próprios, “porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados”. Vamos refletir sobre o que fazemos com nossos corpos: “não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? … Glorificai a Deus no vosso corpo” (1 Coríntios 6:19,20). A glorificação a Deus no nosso corpo consiste na pureza da nossa conduta, conforme os versículos precedentes. Mas nossos corpos devem ser oferecidos “em sacrifício vivo, santo e agradável ao Senhor, que é o nosso culto racional” (Romanos 12:1). Portanto, tudo o que fazemos com nossos corpos deve ser santificado ao Senhor, para Lhe ser agradável. Estamos constantemente na presença de Deus, através do “santuário” dos nossos corpos. Sejamos, portanto, reverentes.
  • Assim como nosso amor a Deus é provado pelo amor com que tratamos nossos irmãos, a nossa reverência a Deus é provada pela maneira com que agimos dentro da Sua igreja. Não se trata apenas da nossa atuação quando estamos em reunião para a Ceia do Senhor, mas em todo o nosso relacionamento com os demais irmãos, seja nas reuniões formais ou em qualquer outra atividade.
  • Nossa apresentação exterior diz muito sobre a reverência que temos: nossa postura, nosso linguajar, nossa maneira de vestir. Mesmo que não nos prostremos em terra, como faziam os antigos, nossa postura deve ser condizente com a reverência que devemos a Deus, no ambiente da Sua igreja reunida. Estejamos sempre atentos ao que ministra a Palavra, e evitemos perturbar aos nossos irmãos com atitudes de pouco caso nas reuniões (principalmente as solenes como a Ceia do Senhor), por exemplo constante senta/levanta, cochichos, leituras inadequadas para o momento, mesmo um cochilo.
  • O uso da palavra deve ser comedido, lembrando o que nos ensina o Pregador no livro de Eclesiastes: “Guarda o teu pé quando entrares na casa de Deus; chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus e tu na terra; portanto sejam poucas as tuas palavras. Porque dos muitos trabalhos vêm os sonhos, e do muito falar, palavras néscias” (5:1-3).
  • Nossa maneira de vestir deve ser modesta, moldada com o ambiente de forma a não atrair a atenção, pois é uma maneira de externar a mansidão, humildade e pureza de caráter que almejamos.
A primeira epístola aos coríntios é rica em exemplos e conselhos, pois aquela igreja parecia possuir toda a espécie de problemas que podem aparecer na vida de uma congregação de crentes. É muito atual, porque o nível moral e religioso daquele tempo não é muito diferente daquele que nos rodeia, feitas algumas adaptações.
“Tirar as sandálias dos pés” demonstrava reverência na presença de Deus, mas tanto Moisés como Josué sinceramente tinham um profundo respeito por Ele, e foram além do que lhes fora requerido: Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus e Josué prostrou-se em adoração. Devemos reverentemente obedecer a Deus em nosso comportamento mas, se O amamos e tememos como aqueles dois servos, nós O adoraremos e serviremos com todo o entusiasmo, não só cumprindo aquilo que nos é requerido, mas procurando oportunidades de ação em que possamos glorificá-Lo ainda mais em nossas vidas.

04/04/2012

PÁSCOA E RESSURREIÇÃO

João 2: 13 a 25

Notamos que a festa em Jerusalém, para a qual o Senhor Jesus subiu nessa ocasião, é chamada aqui de “Páscoa dos Judeus”. Não é mais a Páscoa do Senhor (Êxodo 12:27). Após a Sua morte ela foi reduzida a uma festividade religiosa judaica, um ritual somente. Aquele que a Páscoa representava já veio: "Porque Cristo, nossa páscoa, já foi sacrificado" (1 Coríntios 5:7).
Naquele tempo a celebração da páscoa acontecia anualmente no templo em Jerusalém. Era uma das três festas anuais que exigiam o comparecimento de todos os homens, sendo as outras a festa de Pentecostes e a dos Tabernáculos. A festa da Páscoa comemorava o livramento dos judeus da escravidão no Egito (Êxodo 12:1-13) e começava aproximadamente no décimo quarto dia de abril em nosso calendário, durando sete dias ao todo. A Páscoa propriamente era celebrada no dia inicial, seguindo--se depois a festa dos Pães Asmos.
Muitas famílias judias viajavam do mundo inteiro para Jerusalém durante essas festas. Assim, durante a Páscoa, a área do templo ficava sempre abarrotada com milhares de visitantes além dos seus habitantes.
Todo israelita de vinte anos para cima tinha que pagar anualmente na tesouraria sagrada do templo meio siclo como um oferecimento ao Senhor (Êxodo 30:13-15), e isto com a tradicional e antiga moeda hebraica deste valor exato. O povo também era obrigado a oferecer animais como sacrifício pelos pecados. Muitos não podiam trazer consigo seus animais porque vinham de longe, ou porque não dispunham de animais nas perfeitas condições exigidas.
Havia, portanto, grande procura de moedas de meio siclo assim como de animais próprios para os sacrifícios e holocaustos na festa da Páscoa. Para facilitar o comércio, os líderes religiosos permitiam que cambistas de moedas e comerciantes montassem suas bancas e barracas na corte dos gentios no templo, mediante um aluguel. Era lucrativo para os negociantes e rendoso para os sacerdotes, à custa dos que vinham oferecer sacrifício. O templo de Deus estava sendo usado de forma inadequada, e a perseguição do ganho material e o uso de práticas gananciosas predominavam. A Casa de Deus tinha se tornado em uma espécie de bolsa de mercadorias ou feira livre.
O Senhor indignou-Se com isto e, tendo feito um chicote de cordas, expeliu todos do templo co m seus animais, espalhou o dinheiro dos cambistas e virou-lhes as mesas, dizendo aos que vendiam as pombas “tirai daqui estas coisas: não façais da casa do meu Pai casa de negócio”, pois estavam fazendo um escárnio da casa de Deus. Ao término do Seu ministério, aproximadamente três anos mais tarde (Mateus 21:12-17; Marcos 11:12-19; Lucas 19:45-48), Ele repetiu esta “limpeza”, pois o motivo de lucro daquela gente era mais forte que o desejo de conservar a santidade do templo.
Deus sempre preveniu Seu povo contra o uso do culto a Ele para o seu próprio enriquecimento. O que o Senhor fez naquelas ocasiões não foi cruel ou injusto, mas era apenas a manifestação da Sua santidade e justiça, o que fez com que Seus discípulos se lembrassem do versículo em Salmo 69:9... “o zelo da tua casa me devorou”. Este salmo é citado dezessete vezes no Novo Testamento e é um dos seis salmos mais citados no Novo Testamento (é citado novamente em João 15:25 e 19:28-29 - os outros salmos que frequentemente são citados são 2, 22, 89, 110 e 118).
Os judeus (entendendo-se aqui os religiosos que administravam o templo) que se consideravam "donos" do templo se indignaram: como não haviam sido consultados, demandaram que o Senhor lhes provasse que tinha autoridade para o que havia feito.
A Sua resposta os deixou espantados, pois declarou “Derribai este santuário, e em três dias o levantarei”. Não prestando muita atenção às palavras que Ele usou, entenderam que o “santuário” seria o templo de onde o Senhor Jesus havia acabado de expulsar os comerciantes e cambistas. Este era o templo construído inicialmente por Zorobabel 500 anos antes, que fora arruinado pela ação dos inimigos e pelo descaso dos judeus, mas estava em fase de reedificação por Herodes, iniciada 46 anos antes (a reedificação só se completou em 65 AD, mas o templo foi completamente destruído pelos romanos cinco anos depois, como fora predito pelo Senhor conforme Lucas 19:41-44).
No entender dos judeus, este poder que o Senhor Jesus se arrogava seria uma blasfêmia. Foi disto que O acusaram em seu julgamento diante dos principais sacerdotes e do sinédrio, aceitando um testemunho que distorcia as Suas palavras, pois declarava que Ele dissera: “Posso destruir o santuário de Deus” ao invés de “Desamarrai este santuário” (Mateus 26:61).
A palavra que Ele usou, traduzida como “derribai” foi "luo" que também significa “desamarrai” e a palavra que usou no versículo 19 e os judeus repetiram no versículo 20 é “naos” que se refere ao santuário interior do templo (nos versículos 14 e 15, a palavra usada para “templo” é “hieron” que significa o edifício inteiro: era o pátio exterior que fora contaminado e precisava de uma limpeza, não o santuário interno). A palavra “naos” é usada em 1 Coríntios 6:19 onde lemos que o corpo do crente é o santuário do Espírito Santo.
A palavra traduzida “levantarei” é “egeiro”, que também significa “acordarei” (Romanos 13:11) também traduzida como ressuscitar (dos mortos) em outros lugares (Atos 26:8, 2 Coríntios 4:14, Hebreus 11:19). Ao dizer: “Desamarrai este santuário e em três dias eu o acordarei dos mortos”, significou que eles "desamarrariam" o Seu espírito (por morte do Seu corpo humano) e o próprio Senhor Jesus “o acordaria (Seu corpo) da morte” depois de três dias (Mateus 12:39-41, 16:4). Assim como o Senhor usava parábolas para confundir os incrédulos, Jesus Cristo teria usado essa expressão ambígua para confundir os Seus inimigos. Os Seus ouvintes não deram conta que Ele era maior do que o templo (Mateus 12:6)!
Assim como os judeus, os discípulos também não entenderam o Seu pronunciamento. Somente depois de realizada a ressurreição foi que eles se lembraram, creram nas Escrituras (ferido e esmagado - Isaías 53:5, cortado – Daniel 9:26, sua alma não ficaria no Seol, nem seu corpo veria corrupção - Salmo 16:10), e compreenderam o Seu alto significado. O alto significado foi que, tendo Cristo cumprido tão perfeitamente a Sua predição, ela se tornou em uma das mais fortes provas da Sua reivindicação de ser Deus: só Deus poderia dizer que ressuscitaria o corpo depois de três dias!
Durante a festa, o Senhor fez sinais milagrosos que fizeram com que muitas pessoas vissem e cressem em Seu nome. Mas não era uma fé salvadora: elas somente aceitavam a legitimidade das maravilhas que viam. Embora acreditassem em Seu poder, pelo que testemunhavam, Ele não confiava nelas porque conhecia a natureza humana (Jeremias 17:9), e sabia que sua fé era superficial. Muitas daquelas pessoas que diziam crer no Senhor Jesus naquela ocasião seriam possivelmente os mesmos que mais tarde gritariam “crucifica-O”. É fácil crer quando muitos outros pensam da mesma forma dando um sentimento de bem estar, mas que na realidade é uma falsa segurança.
Mesmo hoje, muitos que dizem que creem em Jesus Cristo não vão além de somente crer nos fatos do Evangelho. A não ser que confiem no Senhor Jesus como seu Salvador, que deu a Sua vida pelos seus pecados e para a sua justificação, sendo Ele a sua única esperança para salvação da condenação eterna pelos seus pecados, e se dispuserem a declarar a sua fidelidade ao Senhor Jesus Cristo, mesmo se correrem risco de morte pelos Seus inimigos, eles não possuem a fé salvadora.

DE LUGAR NENHUM, PARA O LUGAR ONDE DEUS VAI TE USAR

DE LUGAR NEMHUM PARA O LUGAR QUE DEUS VAI TE USAR 13/05/2020 1 Samuel 16, 17, 18 e 19 Certa vez ouvi um missionário testemunhando qu...