Ministração em 23/10/2016
“Ah! Quem me dera um que me ouvisse! Eis que o meu intento é que o
Todo-poderoso me responda!” (Jó. 31:35)
Você já teve
a experiência de clamar a Deus por uma resposta e Ele fica totalmente calado
sem responder nada? O Ministério Voz da Verdade canta uma canção que gosto
muito “Quando Deus se cala”: “Há momentos que
Deus se cala e não ouço a sua voz, a minh’alma grita forte… No silêncio
aprendi, que ele está a me moldar… No silêncio do sepulcro, foi no inferno pra
salvar, mas o mundo não sabia, que ele estava a trabalhar…”
Diz a Bíblia
que quando Samuel ainda era um menino e ajudava o sacerdote Eli no templo, “naqueles dias raramente o Senhor falava, e as visões não
eram frequentes” (I Sm 3.1).
Talvez você
já tenha experimentado uma aparente demora ou ausência de Deus. Fico tentando
imaginar por que Deus em determinados momentos se cala, justamente quando mais
precisamos ouvir a Sua voz e direção. E concordamos com uma coisa: é terrível
“ouvir o silêncio de Deus”.
O silêncio
de Deus grita mais alto em nossos ouvidos do que o ruído da tempestade. Não é
fácil lidar com o silêncio de Deus. Não é fácil gritar por socorro e escutar
apenas o silêncio. Não é fácil orar por vários anos e a resposta não chegar.
Muitas vezes, Deus lida conosco por meio do silêncio. Foi assim como Jó. Depois
de perder seus bens, filhos e saúde, Jó ainda enfrentou a revolta da mulher e a
incompreensão dos amigos. Jó transmite uma personalidade caracterizada pelo
ser, não pelo ter (Jó 2:10). Ele perde seus bens, ainda mantém sua convicção.
Perde seus filhos, e ainda permanece fiel. Jó perde a sua própria saúde, mas
guarda esperança. Jó sofreu um grande impacto ao ver que já não podia mais
contar com sua esposa, mas mesmo assim a sua fé não é abalada (Jó 1:21). A história
de Jó ao ser lida com espiritualidade e fé, nos traz esperança e motivação para
vencer qualquer peleja da vida. Mas se olharmos bem a fundo no livro, veremos
que Jó enfrentou um dos maiores dilemas das aflições da vida. O silêncio de
Deus (Jó 31:35).
Jó ergueu
aos céus dezesseis vezes a mesma pergunta: Por que? Por que? Por que? A única
resposta que recebeu foi o total silêncio de Deus. Jó expôs sua queixa trinta e
quatro vezes.
Ouviu como
resposta apenas o silêncio. Quando Deus falou com ele, não respondeu sequer uma
de suas perguntas. Ao contrário, fez-lhe setenta perguntas, revelando sua
majestade e poder. Deus restaurou a sorte de Jó e deu-lhe tudo em dobre e ainda
uma vida longeva. Jó viu os filhos dos filhos até a quarta geração. Quando Deus
fica em silêncio é porque ele está trabalhando em nosso favor e não contra nós.
Ele está preparando algo melhor e maior para nossa vida. Quando Deus fica em
silêncio ele continua sendo nosso Pai onipotente, amoroso e bom!
É no
silêncio que Ele está trabalhando (Is 64.4). O silêncio de Deus em nossas
vidas, também traz experiências que nos servem como exemplos, para entendemos a
posição do nosso Deus, quando ficamos em silêncio, não falando com Ele e nem o
ouvindo.
O silêncio
não é algo meramente negativo. Quando as palavras falham, é o silêncio que
exprime os grandes sentimentos de dor, de alegria e de amor. Ele é o teste
definitivo dos grandes gênios, dos grandes santos, dos grandes amantes. Em
Deus, o silêncio fala sem palavras e a palavra fala em silêncio. O espírito é
levado ao silêncio de Deus para aí ouvir a sua Palavra.
Somente no
contexto do silêncio é que a palavra divina pode ser ouvida e o Verbo pode
encarnar-se em nossas mentes e corações, pela aceitação da fé, do amor e da
esperança. O silêncio de Deus é esse eterno processo de encarnação do Verbo em
nossas vidas. O silêncio pode levar-nos a Deus e esta é a razão pela qual o
diabo procura atrapalhar.
Talvez
pudéssemos parafrasear Oséias 2,14 que diz: “Portanto, eis que eu a
atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração” e
dizer: “Levá-lo-ei ao meu silêncio e aí lhe falarei ao coração”. O
silêncio ensina-nos a esperar por Deus, mas sem deixar de procurá-lo. O
silêncio de Deus é também um silêncio de paz e de felicidade, o que não exclui
o sofrimento.
Há muitos
que confundem silêncio com solidão, o que é lamentável, porque há uma imensa
diferença entre ambos. Solidão significa estar à espera de Deus, estar a sós
com Deus, ao passo que o silêncio é este imenso mar no qual você mergulha e fica
perenemente tranquilo, sem, entretanto, nenhuma conotação ou ideia essencial de
estar sozinho. O silêncio de Deus é para nos levar a uma total
dependência Dele, reconhecer que só Ele pode todas as coisas. É para nos
ensinar a esperar e descansar nele, com a certeza de que no seu tempo “Kairós”
virá com a vitória que necessitamos. O nosso tempo “Kronos” não é o tempo de
Deus, por isso temos que aguardar com fé. Deus está trabalhando enquanto
esperamos nele, (Is 64.4). Quando Deus se cala é para que nós busquemos com
maior intensidade a sua presença. Alguns dizem: “Deus tarda, mas não falha”! Eu
não concordo e declaro: “Deus não tarda e nem falha, Ele tem o seu tempo
determinado”!
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