“O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Mas não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor, e a nós como escravos de vocês, por causa de Jesus. Pois Deus disse: Das trevas resplandeça a luz, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo”. (II Co. 2.4-6)
Esta é uma das mais notáveis descrições do evangelho em toda a Bíblia. Nada há como esta descrição. Ela define o evangelho como “o evangelho da glória de Cristo”. Afirma que este evangelho da glória de Cristo emite uma “luz” – “a luz da glória de Deus na face de Cristo”.
A luz (Espírito Santo) resplandece no coração, o poder da escuridão de Satanás é destruído (a cegueira), os olhos dos espiritualmente cegos são abertos, a fé é criada, o perdão dos pecados é concedido. O entendimento da obra de Cristo na cruz inicia o processo de santificação que impulsiona o novo nascido a espalhar a glória de Deus.
Em II Coríntios 4.7, Paulo descreve a si mesmo como um vaso de barro que contém um poderoso evangelho: “Mas temos esse tesouro em vasos de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós”. O Ministério de Paulo não visava exaltar a si mesmo. Deus cuidou para que Paulo não tivesse motivos em que se gloriar – mesmo entre os homens. Aflições e fraquezas eram abundantes (4.8-18). Mas isso não é um obstáculo ao brilho da glória de Deus. Por que o propósito de nossas vidas é espalhar a glória de Deus entre todos os povos, fazendo Cristo conhecido. E não a exaltação egocêntrica como vemos em nossas igrejas nos dias de hoje.
Assim, a tarefa missionária é de fazer Cristo conhecido a fim de que todos os povos glorifiquem a Deus e rendam a Ele todo louvor e adoração. Trata-se de uma das mais fortes motivações para obra missionária, que num processo que se auto-alimenta começa e termina no louvor a Deus. Adoração é o combustível e o alvo de missões. À medida que povos adoram a Deus, a sua glória é manifesta entre todos os povos. Um dia esta glória será completa, quando representantes de todos os povos, tribos, línguas e nações estarão diante do Cordeiro e junto com os seres celestiais cantarão:
“Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor! Depois ouvi todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há que diziam: Aquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o poder, para todo o sempre!” (Apocalipse 5.12-13)
É tremendamente fundamental guardar esta perspectiva no trabalho missionário e na reflexão missiológica. Facilmente, outros alvos e objetivos dominam nossa forma de pensar e agir. Interesses secundários e valorizações de métodos e estratégias tornam-se alvos finais ao invés de serem instrumentos e canais para a realização da obra.
O propósito final da nossa vida não é missões, e sim a glória de Deus. John Piper inicia seu excelente livro “Alegrem-se os povos”, dizendo:
Missões não é o alvo final da Igreja. Adoração é. Missões existe porque a adoração não existe. Adoração é o alvo final, não missões, porque Deus é o definitivo, não o homem. Quando esta era terminar, e os incontáveis milhões de redimidos se prostarem em suas faces diante do trono de Deus, missões não existirá mais. É uma necessidade temporária. Mas a adoração existirá para sempre.
Até quando nós vamos negligenciar algo tão importante que a Bíblia nos ensina? Quando nós, líderes, pastores e missionários colocarmos em prática aquilo que já entendemos, que o propósito de nossa vida é adorar a Deus, nossas igrejas terão uma visão missionária correta! O alvo de missões é espalhar a glória de Deus entre todos os povos, levando-os a glorificar a Deus através da formação de verdadeiros adoradores.
Uma igreja nunca será bíblica se ela não for missionária.
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